Sem interrupção, a ação ocorre mensalmente todo dia 25 desde março de 2019. Além de homenagear as 272 vidas ceifadas no rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, o ato é um grito por justiça. Passados 5 anos e 6 meses do colapso, até hoje ninguém foi responsabilizado. Três vítimas ainda não foram localizadas.
Brumadinho, 26 de julho – Na tarde de ontem, 25/07, a lembrança e a saudade das amizades perdidas no rompimento da barragem da Vale em 2019 marcaram o ato de 5 anos e 6 meses da tragédia-crime. Carregado de emoção, um dos momentos mais simbólicos foi a soltura final de 2.008 balões pretos, representando cada dia desde o desastre. Os balões subiram ao céu como um poderoso símbolo da dor, da memória das vidas interrompidas e da incessante busca por justiça.
Organizado pela AVABRUM (Associação dos Familiares e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão – Brumadinho) e realizado ininterruptamente desde março de 2019, o evento ocorre todo dia 25 no letreiro da entrada de Brumadinho. Este é o 64º ato, que homenageia as 272 vidas perdidas e clama por justiça, pelo encontro de Tiago Silva, Maria Bueno e Nathália Araújo, três vítimas ainda não localizadas, pela memória, pelos direitos dos familiares e pela não repetição do crime.
Amizades Perdidas
O ato iniciou com uma reflexão sobre a dor e a saudade que persistem. Os organizadores ressaltaram a importância da amizade e da solidariedade na contínua luta por justiça. Estiveram presentes pessoas que perderam amigos que trabalhavam na mina. “As pessoas que trabalhavam na Mina Córrego do Feijão tinham amizades saudáveis, uma socialização que favorecia o alcance de resultados satisfatórios. Era uma conexão de almas, uma amizade que trazia paz em um ambiente tão hostil como a mineração”, disse Josiane de Oliveira Melo, que perdeu a irmã Eliane de Oliveira Melo, de 39 anos, grávida de 5 meses da Maria Elisa, na tragédia-crime. Ela também trabalhava na mina, mas estava de férias no momento do desastre.
“Nós, familiares, perdemos nossos companheiros, amores e amigos. Outros perderam amigos da estrada, do trabalho, do futebol, da infância. No mês de julho, quando celebramos o Dia do Amigo, nossos corações batem mais forte e a saudade dói ainda mais”, disse Edi Tavares Pinto, que perdeu o marido Nilson Dilermando Pinto no rompimento.
272 Vidas Presentes
Durante a solenidade, houve um momento de fé e esperança com uma palavra do representante da Igreja Católica do Brumado, Marconi Salles. A música ficou a cargo do músico Deley da Viola, que emocionou os presentes com “Canção da América”, de Milton Nascimento, e “Naquela Mesa”, de Nelson Gonçalves e Raphael Rabello. Também foram lidos os 272 nomes das vítimas da tragédia-crime, e, para cada nome, os presentes responderam com um grito de “presente”.
Às 12h28, horário do rompimento em 25 de janeiro de 2019, os familiares deram as mãos e fizeram um minuto de silêncio, seguido pela soltura de 272 balões: 269 amarelos para as vítimas identificadas e 3 vermelhos para as não encontradas. Os balões no céu pareciam estrelas.
Já no encerramento, 2.008 balões pretos subiram ao céu, representando cada dia desde o desastre.
Impacto contínuo e busca por apoio
A tragédia deixou um impacto duradouro na comunidade local, que ainda lida com as consequências emocionais e ambientais. Os advogados da AVABRUM, Danilo Chammas e Thabata Pena, informaram sobre a apresentação de um recurso ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra a suspensão do prazo para a defesa dos engenheiros Makoto Namba, André Jum Yassuda e Marlísio Oliveira Cecílio Júnior, da empresa alemã TÜV SÜD, acusados pelas mortes no rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. A decisão do STJ concedeu o benefício de suspensão do prazo para todos os réus, resultando na paralisação do processo até nova decisão do STJ, cuja data ainda não foi definida. Com o recurso, a AVABRUM busca acelerar a resolução desse impasse.
Entre os dias 25 e 27 de junho, os advogados e as diretoras da AVABRUM, Jacira Francisca, que perdeu o filho Thiago Matheus Costa, de 33 anos, e Maria Regina, que perdeu a filha Priscila Ellen, de 29 anos, estiveram em Brasília, no Congresso Nacional, onde se reuniram com representantes do Ministério Público Federal, da Procuradoria-Geral da República, do Poder Judiciário, da Câmara dos Deputados, do Ministério dos Direitos Humanos do Governo Federal, da Embaixada da Alemanha, do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público. O objetivo da visita foi mobilizar apoio para reverter a decisão do STJ. Novas ações e eventos serão realizados para manter a pressão e a visibilidade sobre a busca por justiça.
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