Há 5 anos, mães de vítimas do desastre da Vale em Brumadinho foram privadas de continuar a criação de seus filhos
Brumadinho, 26 de maio de 2024 – No início da tarde de ontem, dia em que se completou 5 anos e 4 meses do colapso da barragem da Vale em Brumadinho, o ato mensal em honra às 272 vítimas da tragédia-crime homenageou também as mães, em especial, aquelas que perderam seus filhos na tragédia-crime da Vale.
Organizado pela AVABRUM (Associação dos Familiares e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão- Brumadinho), o ato ocorre todo dia 25, no Letreiro da entrada da cidade, e clama por justiça; encontro de Tiago Silva, Maria Bueno e Nathália Araújo, três vítimas ainda não localizadas; memória; direito dos familiares; e não repetição do crime.
Durante o ato deste sábado, orquídeas foram distribuídas para todas as mães presentes, e palavras de saudade e luta marcaram a solenidade. Até hoje, nenhum dos culpados pela tragédia-crime foi responsabilizado.
“Ser mãe de anjo é ver mudar o eixo do seu mundo. É mais do que aprender e ensinar sobre o amor incondicional, é ser o exemplo desse amor. É um amor que se multiplica, e hoje só nos resta saudades”, disse Jacira Francisca, mãe de Thiago Mateus Costa, umas das vítimas do rompimento da barragem da Vale em 2019.
Das 272 vítimas, duas estavam grávidas. Eliane Melo tinha 39 anos e estava no 6º mês de gestação de Maria Elisa, e Fernanda Damian de Almeida tinha 30 anos, e esperava o pequeno Lorenzo.
Além das homenagens, no decorrer da ação, houve momento de fé e oração.
“Nós não vamos parar de lutar por justiça. Mesmo com todas as dificuldades após esse crime da Vale, estamos aqui. Fortes nem sempre, mas firmes no propósito de buscar justiça. A empresa Vale assassinou 272 vidas, em um crime brutal. Lidar com a morte não é fácil, mas lidar com a morte associada com impunidade e injustiça é devastador”, disse Kenya Paiva Lamounier, que perdeu o marido Adriano Lamounier na tragédia.
Soltura dos balões
Já às 12h28, horário em que a barragem rompeu em Brumadinho, no dia 25 de janeiro de 2019, os familiares das vítimas deram às mãos e fizeram um minuto de silêncio, e a soltura de 272 balões representando cada uma das vidas ceifadas no crime.
Ação também lembrou as vítimas das enchentes do Rio Grande do Sul e, com a oração Pai Nosso, pediu proteção a cada uma delas.
Já no final do ato, foi feita a leitura dos nomes das vítimas e, para cada uma delas, a resposta de: “presente, presente, presente”.
