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Centenas de carros mobilizam as ruas de Brumadinho em protesto por justiça pelas 272 joias

DIRETORIA AVABRUM

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Nessa sexta-feira, dia 24 de janeiro, centenas de carros mobilizaram as ruas de Brumadinho em protesto por justiça para as 272 vidas ceifadas na tragédia-crime da Vale na cidade mineira, que completa seis anos sem respostas em 2025. Realizada pela Avabrum desde o primeiro ano do rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão, a “Carreata da Justiça” começou por volta das 18h30, do Cemitério Parque das Rosas, onde a maioria das vítimas do desastre-crime está enterrada.

Na concentração, os participantes marcaram seus veículos com adesivos e bandeiras que traziam o lema da Avabrum neste ano – “Memória Irreparável”, que destaca a importância do não esquecimento e da busca pela verdade dos fatos. “Não nos calarão”, disse Maria Regina da Silva, diretora da Avabrum, que rezou um Pai Nosso antes de puxar a carreata ao lado da presidente Nayara Porto e da também diretora Jacira Francisca Mateus Costa.

Os participantes, então, saíram em fileira, acionando buzinas e vuvuzelas que convocavam a população para o protesto, até chegarem à Praça Saudade das Joias, cerca de uma depois. No letreiro de Brumadinho, onde estão afixadas 272 cruzes, com velas à frente de cada uma, foi rezado por Nayara outro Pai Nosso, para finalizar a carreata em clima de fé e união. A presidente convidou todos para assistirem, na sequência, à apresentação da Orquestra Filarmônica Ramacrisna, que começou por volta das 20h30, como forma de proporcionar acalento aos familiares de vítimas e a todos que viveram os traumáticos momentos de janeiro de 2019.

“A música tem um poder muito grande. Ela me ajudou demais a atravessar o meu luto e me ajuda até hoje. Nos meus momentos de crise, eu ligo o rádio e a dor vai passando. A saudade fica, mas a dor passa um pouco. E é por isso que eu anuncio essa apresentação com muita alegria, porque eu tenho certeza de que, onde quer que os nossos estejam, eles gostariam que a gente estivesse feliz”, disse Nayara, que perdeu o marido Everton Lopes Ferreira.

Maria Regina agradeceu a cada um que participou da carreata e falou da importância de ações que levam acalento ao coração dos familiares de vítimas – como ela, que perdeu a filha Priscila Elen da Silva no rompimento da barragem. “A Priscila era clarinetista. Então, sou muito grata por estar aqui e ouvir essa orquestra. Temos que dar as mãos e seguir juntos. Não temos a opção de desistir. A música e momento como esses nos ajudam a continuar”.

Após as falas, o maestro Eliseu Barros conduziu os jovens instrumentistas da Orquestra Filarmônica Ramacrisna para o concerto, que começou com “Nada será como antes” (Beto Guedes e Milton Nascimento). A lista incluiu canções carregadas de amor, protesto e esperança, como as nacionais “Pra não dizer que não falei das flores” (Geraldo Vandré), “Pais e Filhos” (Legião Urbana) e “Tocando em frente” (Almir Sater); e as internacionais “Imagine” (John Lennon), “We are the champions” (Queen) e Sweet Child’o Mine (Guns’n’Roses).

Irmão da vítima Wiryslan Vinícius Andrade de Souza, Widy Augusto Ferreira da Silva foi pela primeira vez à carreata e achou o protesto potente. “Acredito que é uma forma importante de chamar a atenção da população e principalmente do Judiciário para o que realmente está acontecendo em Brumadinho”, afirmou, elogiando o momento musical com a orquestra. “Meu irmão era violista, tocava música clássica. Também tocava percussão, o pandeiro dele está lá no Memorial. Então, este momento de música para nós foi como um abraço”.

 

 

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