Pedido de habeas corpus de Fabio Schvartsman será julgado entre 6 a 12 de março, em sessão virtual. Se aceito, ex-presidente da Vale ficará livre da ação penal em que, junto com mais 15 pessoas, é acusado por homicídio doloso qualificado pelas mortes causadas pelo rompimento da barragem da mineradora.
Brumadinho, 4 de março de 2024 – Na manhã de hoje, a AVABRUM (Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão-Brumadinho) e mais de 30 organizações se uniram para protestar contra o pedido de habeas corpus (HC) que pode livrar o ex-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, da ação criminal do caso do rompimento da barragem da mineradora, que matou 272 pessoas em 25/01/2019. A mobilização aconteceu na porta do TRF6 (Tribunal Regional Federal da 6a Região), no bairro Santo Agostinho, em Belo Horizonte (MG). Após 5 anos e 1 mês do rompimento, até hoje ninguém foi responsabilizado e ainda há o risco de Schvartsman nem ir a julgamento.
Clamor por justiça
“Viemos até aqui para fazer o nosso clamor por justiça, para pedir aos desembargadores que não reconheçam o HC. Schvartsman sabia da insegurança da barragem, sabia que ela poderia romper a qualquer momento. Ainda assim, nada fez, a não ser procurar quem era o responsável por ter feito a denúncia da insegurança da mesma. Nós estamos aqui para clamar aos desembargadores que não tornem reconhecido esse HC. Quem cometeu o crime foram eles, mas os aprisionados aqui somos nós”, disse a presidente da AVABRUM, Andresa Rodrigues, que perdeu o filho Bruno Rodrigues, com 26 anos, na tragédia-crime da Vale.
272 joias presentes!
Durante o ato foi feita a chamada dos 272 nomes das vítimas mortas no rompimento da barragem e, para cada nome, os manifestantes afirmavam: “presente”. Já para as 3 vítimas que seguem não encontradas – Maria de Lurdes Bueno, Nathália Araújo e Tiago Silva – o grito em resposta foi “ausente”. Às 12h28, horário em que a barragem rompeu em 25 de janeiro de 2019, foi feito um buzinaço para chamar a atenção das autoridades.
Mais de 80 pessoas participaram da ação, entre elas representantes de cerca de 30 organizações. Além disso, por meio da nota pública
“Manifesto: Clamor por Justiça”, a associação dos familiares de vítimas da tragédia-crime da Vale já recebeu mais de 250 assinaturas de apoio de entidades e cidadãos contra o HC.
Como a justiça quer ser lembrada?
Em uma caminhada com fotos das vítimas, nomes e um banner com o escrito ‘Brumadinho’, os manifestantes foram até a portaria ao lado do TRF6, onde ficam os desembargadores responsáveis por julgar o caso, e pediram por justiça. No local questionaram: “Como a justiça brasileira será lembrada?” .
Schvartsman e os outros 15 réus sabiam do risco Segundo investigações oficiais, Fabio Schvartsman e os demais réus sabiam do risco de rompimento da barragem em Brumadinho e nada fizeram. Houve, no mínimo, negligência. Segundo o delegado da PF (Polícia Federal), Cristiano Campidelli, é possível afirmar com segurança que Schvartsman estava presente em um painel onde houve uma discussão sobre a estrutura que colapsou.
Além disso, 16 dias antes da ruptura, um suposto funcionário da Vale enviou um e-mail com o assunto “A Verdade”, que dizia: “Estamos com recursos humanos deficitários e mal remunerados nas áreas de operação, manutenção, engenharia, plantas incendiando, equipamento quebrando, barragens no limite”.
Segundo os documentos das investigações, Fábio Schvartsman, tendo conhecimento desse e-mail, chamou o funcionário de “cancro”, termo usado para designar mais de 100 doenças diferentes que apresentam em comum o crescimento desordenado de células.
Apoie a causa!
AVABRUM agradece a todos familiares, movimentos sociais, parlamentares, apoiadores que estiverem presentes. Para acompanhar as ações dos familiares das vítimas tragédia-crime da Vale em Brumadinho, siga-nos nas redes sociais:
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